quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Funeral

Por vezes é melhor nem falar, porque as palavras provocam dor e possuem um grande peso.
Hoje habitarei o bosque juntamente com os fungos, silvas e tudo o que desconheço, viverei no bosque que exploravas muitas vezes sem mim, aquele que sempre negavas a minha presença. O bosque será o meu paraíso a única recordação de ti do mundo mortal e da minha triste vida amarga e sem sentido.
Hoje deixei o meu corpo para sempre, lamento a cobardia venceu! E levou a melhor. Desculpa.
Já não aguentava, a dor tornou-se insuportável quase asfixiante, o meu Deus abandonou-me e os meus antigos heróis traíram-me.
Sou apenas um corpo vazio entre quatro paredes e flores brancas e amarelas.
Venham malditos anjos, seres perfeitos e arranquem cada fio de cabelo silenciosamente e deles façam cordas, tirem cada pedaço da minha pele pausadamente e com ela façam tambores, apunhalem os meus olhos como se tratassem de algo sem valor, mas, por favor imploro como quem pede um copo de água não roubem o prazer de assistir ao dia do meu funeral.
Não chegues tarde ao meu funeral, para seres o primeiro a atirar a terra sobre o meu caixão.
Talvez eu só precise de um adeus ou que segures a minha mão fria e pálida para descobrir o caminho da luz.
Lamento muito que nunca em vida se reunissem tanta gente em meu redor.
Eu de certesa teria sido muito mais feliz.
As pessoas choram e insistem em chorar, lamentar, e falar bem de mim no entanto quando havia vida dentro de mim esqueceram que respirava e sentia.
É apenas o meu funeral.


João M. Gonçalves

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